quinta-feira, 3 de novembro de 2011

CAMPANHA DE APOIO AOS PROFESSORES E A EDUCAÇÃO-MG

Olá,
 Se você que está lendo este blog concorda com a luta dos professores pela melhoria das condições salariais, de trabalho nas escolas, do prestigio social e valorização da docência e da educação e, principalmente se você for aluno ou pai de aluno. Nós professores de MG estamos lhe convidando a participar desta campanha.  Envie seu parecer em apoio a esta luta aos parlamentares Estaduais e Federais.


Veja lista dos emails no menu ao lado, na pág. “Campanha de Apoio a Greve –Professores de MG”


Obrigado e leia neste blog os textos que abordam o assunto!


  Prof. Westerley
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Uma reflexão muito séria  
Beatriz e Colegas!

Lendo o texto da Beatriz “Confiança” (03/11) resolvi expressar minha opinião e leitura da situação, sempre no sentido de chamar a reflexão crítica para construirmos uma avaliação mais realista e daí pensarmos juntos ações mais efetivas. Em outra página deixo meu posicionamento mais detalhado e como estou atuando!

1) Confiança:
Beatriz, pelo menos na última década, nenhum líder deste sindicato gozou de tamanha confiança de sua categoria como você conquistou com muito merecimento e trabalho. Basta fazer uma retrospectiva das mobilizações da ultima década. Portanto esta questão (confiar ou não) não está posta para discutir, pois, esta dúvida não existe. Tudo bem que um ou outro, isoladamente pode levantar este ponto e deve sim, ser esclarecido como você fez, mas a meu ver estas manifestações não são embasadas em fatos e na razão e sim, na emoção gerada pelas dificuldades que cada um está passando. O que não pode é você entrar no campo da suspeição sobre a confiança que você tem da categoria. Pois se você ficar em dúvida se enfraquecerá diante da luta e de suas convicções.

2) Consciência da Força que tem:
Por outro lado estou cada vez mais convencido que você ainda não tomou consciência da força que você tem e adquiriu com a reunificação e mobilização desta categoria. Assim como nós professores ainda não tomamos consciência do poder que temos nas mãos.

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) os profissionais do ensino constituem o terceiro grupo ocupacional mais numeroso do Brasil: 8,4% dos trabalhadores - em números absolutos, cerca de 2,9 milhões de postos de trabalho.

Atenção! Minas é o Estado com maior número de municípios do Brasil, se minhas contas estiverem corretas, isso significa que temos o maior número de Escolas públicas e conseqüentemente de professores do Pais. E a frente destes professores uma líder que reúne esta categoria em torno de si, com confiança e liderança. Isso lhe coloca na condição de líder mais forte do País em termos de contingente. Coloca o Sindute como um dos mais importantes Sindicatos de professores do Brasil. E você (aparentemente) não usa esta força.


Junte a isso o pior quadro de desvalorização da profissão do Pais e pronto! Você tem o motivo justo, o maior contingente do Brasil e a liderança. O que falta? Não posso dizer neste blog.

Quando digo que você não usa a força que tem me refiro a ocupar espaços nos cenário nacional, em audiências com parlamentares federais, Senadores, em encontros e construção de apoios de formadores de opinião das mais diversas áreas, dos intelectuais a igreja, de organismos nacionais aos internacionais. É para manter esta força viva e pulsante que disse que a mobilização deveria continuar na imprensa, na internet em fóruns de discussão Sindicato-categoaria – sociedade e outros lugares e modos.

Com a força desta liderança e deste contingente você é recebida em qualquer espaço político ou civil que quiser. Você só precisa acreditar e ousar. Para mim muitos políticos já perceberam esta força e por isso se aproximaram de você. Não estou dizendo que seja errado. Política se faz no consenso de interesses para  um bem maior. Mas estou dizendo que isso significa algo, que na minha avaliação é a força que você conquistou.

Estou convencido que é a única coisa que este governador teme. E antecipando, ele está cercando esta liderança nos currais de Minas é preciso sair deste cerco caseiro e ocupar espaço nacional inclusive se reunindo, pessoalmente, com lideranças sindicais de professores de outros Estados para organizar a luta conjunta, nacionalmente. A pressão sobre este governo deve vir do cenário nacional. Para ele Minas é dele, é o quintal dele. Manter a luta só aqui é um modo de minimizar e anular a sua força de liderança e a nossa força também.

Atenção! Tudo isso não deve ser feito sob a tutela da CUT, não tenho nada contra a CUT, mas entendo que ela está em outra lógica, transversal a nossa. Há interesses políticos governamentais e eleitorais nacionais na agenda do dia da CUT e nossa luta não figura como a primeira delas. A CUT está no momento funcionando mais como amortizadora da reação nacional dos Professores e demais movimentos.  

2.a) Força do Conhecimento:
Venho insistindo que estamos na sociedade do conhecimento. A luta dos trabalhadores não é mais no campo do “ludismo” do Séc. 18 / 19 quando os operários lutavam contra as máquinas e manifestações físicas em defesa dos postos de trabalho. Nossa batalha agora se dá no campo do conhecimento e da tecnologia de informação. E qual categoria detém por essência e natureza o conhecimento? Nós professores!

Nós, categoria e liderança do sindicato, incorremos em um erro estratégico grave quando olhamos para nós mesmos e enxergamos funcionários públicos, servidores ou profissionais da educação. Não! Não! Não! Nós somos intelectuais! Pesquisadores, Historiadores, lingüistas, Sociólogos, Filósofos, Químicos, Matemáticos, Geógrafos... Precisamos resgatar isso! - Tenho insistido em um site de discussão/fórum, porque esta ferramenta nos ajuda a fazer e colocar esta discussão na ordem do dia!

Atenção! Quando aceitamos as denominações administrativas governamentais ( isso vale para todas as categorias e profissões), aceitamos a “desconceitualização” de nossa natureza intelectual o que nos faz perdermos a essência de nossa formação. Trocamos de identidade e passamos a pensar e agir de outro modo começamos a nos enxergar como designados, efetivados, concursados... Basta ver como nos apresentamos no seu próprio blog. Não! - Somos Professores! Pombas!! Nosso instrumento de trabalho é o cognitivo e não o giz, o quadro, o livro didático ou o laboratório.

Isso é uma estratégia para nos jogar em uma massa sem rosto. Isso é uma estratégia de descaracterização da nossa condição de detentores de um saber específico e fundamental perigoso aos Governos. É só ver na história!

E não é de agora, estamos caindo nessa forma de dominação há muito tempo, basta ver em seu blog. A maioria das manifestações são reclamações funcionais (ainda que justas), opiniões a partir de visões individuais, opiniões passionais. Poucos se colocam com fundamentos políticos, Social, poucos sugerem coisas conseqüentes politicamente, não imediatistas, com visão do processo Histórico.  Estamos perdendo a nossa natureza intelectual e assumindo uma outra estritamente operacional. Estamos deixando de ser uma profissão de seres pensantes e passando a ser uma classe de seres executantes!

Más ainda assim, há entre nós um conhecimento de formação circulante que precisa ser aproveitado pelo Sindicato e por nós mesmos, que se organizado e bem conduzido nos dará condições para construirmos análises, planos Estratégicos, leituras Históricas, Sociológicas, Psicológicas, ações políticas, de comunicação, formação de opinião etc. Fundamentais  a  nossa luta! É preciso montar GTs - Grupos de Trabalhos de apoio ao Sindicato com essa força de conhecimento disponível na categoria que não está sendo usada. Ou melhor, que nunca foi usada! Antes que sejamos inteiramente massificados ideológicamente até perdermos de vez nossa identidade.

3) Professores não percebem a força que tem:
 Nós professores não temos a perfeita dimensão da nossa força. Não vou aqui entrar em detalhes, pois gente do governo lê seu blog, mas aponto alguns aspectos soltos.
- Temos o poder da persuasão.
- Temos o apreço e o aval da Sociedade. (ainda)
- Temos o maior contingente do Brasil.
- Temos o contato direto com a força da juventude.
- Temos o conhecimento.
- Temos a urgência na qualidade da educação na pauta do dia da agenda mundial.
- Temos o contato indireto com pais.
- Temos frentes parlamentares e comissões que atuam sobre a nossa causa.
- Temos o apoio de formadores de opinião e de líderes da sociedade.
- Temos uma lider forte.

 Bem, paro por aqui!
 Pensemos nisso!
 Abraço!

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UMA AVALIAÇÃO POLÍTICA DOS NOSSOS ERROS
(autocrítica)

A intenção desta análise é avaliarmos e aprendermos com os erros cometidos e, tomarmos atitudes mais bem planejadas agora e no futuro próximo. É claro que por estar avaliando à distância, fora do centro das decisões do Sindicato, algumas variantes importantes me escapam o que pode tornar esta avaliação imprecisa em alguns pontos. Neste caso antecipo minhas desculpas. As nossas deficiências e justificação completas para cada ponto omitirei por motivos óbvios.

1- Erro -  Na avaliação de conjuntura:

Em minha opinião o nosso primeiro erro, e se consideramos a greve de 2010, foi a segunda vez, foi a data de início da greve. Deveríamos ter começado após acórdão do STF. Se não me engano Minas foi o primeiro Estado a entrar em greve. Era obvio que o Governo iria cozinhar e nada responder até o acórdão sair. Conclusão: nos desgastamos quase 60 dias para só depois, termos um fato jurídico mais definitivo a nosso favor que poderíamos usar para pressionar o governo.

O que fazer? Entendo que nas próximas chamadas de greve o Sindicato 1) avalie antes o cenário nacional, ligue para os Sindicatos de Professores de todo Brasil, se informe das orientações nacionais, ajuste as datas de nossa greve com estes. 2) Avalie as ações jurídicas que estiverem em andamento e o tempo médio de resposta. 3) Analise o tempo médio histórico de greve da categoria e use como estratégia o calendário Escolar, pensando inclusive nos recessos e datas de aplicações de provas do governo. Há um “momento ótimo” dentro do calendário escolar que devemos usar a nosso favor e não estamos usando.

2 – Erro – Estratégico do dia 27/09.

Para mim este foi o momento mais crítico negativamente e a causa de todo este processo desgastante da “pseudonegociação”. Vejamos: No mesmo momento em que o governo elaborava uma proposta tentando por fim a greve (Termo de Compromisso de Negociação) 9 mil professores estavam reunidos na praça da Assembléia após as 19:00h aguardando. Era uma terça feira.

Manda o bom senso que diante de uma tomada de decisão, principalmente dessa importância, que se peça ou consiga um tempo para análise da proposta (do governo) ao qual nunca devemos acreditar na boa fé. Era para alguém dá a ordem de dispensar, terminar a assembléia dos professores antes que o governo atrelasse o “acordo” ao término imediato da greve. - Naquela noite enquanto a direção do Sindicato ouvia e fazia uma primeira leitura do documento do governo, outro alguém deveria dispensar a assembléia, pois, sem a assembléia não haveria resposta imediata e teríamos mais uma semana para avaliarmos e decidirmos. No entanto ficamos até as 22:00h como alvos parados a espera do ataque do governo. Para mim este foi o nó que o governo nos deu.

3 – Erro – Chamada de Greve sem Tempo de Preparo da Categoria:

Em se tratando de uma categoria de baixos recursos, além do fundo de greve, o Sindicato poderia (não é obrigação) prepará-la para greve com antecedência maior. De modo que teríamos tempo para cada um fazer suas reservas, seu “fundo de greve” particular. – É uma estratégia.

4 – Erro – Ineficiência no Sistema Informação e Comunicação.

Informação ágil e sistemática com avaliações políticas, econômicas, Jurídicas e até Históricas, é elemento de mobilização e conscientização da categoria. A base de comunicação do Sindicato/sociedade/ categoria e desta entre si, me pareceu um tanto quanto “improvisada” e tardia, centralizada apenas na Beatriz o que é humanamente impossível e às vezes sem avaliação (está melhorando).

É preciso entender que as avaliações do Sindicato (com o devido cuidado, pois o blog é investigado) servem de orientações e leitura do quadro geral para a categoria, o que nos ajuda a entender as nuances e formar nosso entendimento e idéias sobre os fatos e processo. Ajuda a categoria a formar o consenso, a coesão.  A falta do sistema de comunicação e avaliação ajuda a formar o contrário e abre espaço para o governo e orientações não oficiais concorrem com o sindicato, mesmo que neste ultimo caso a intenção seja de ajudar. Isso só acontece devido à lacuna deixada.

 Beatriz, observe a nossa falta de percepção e costume neste ponto: quase todas os posts no seu blog não são de uma comunicação entre nós professores, não comentamos os comentários uns dos outros para construirmos um consenso, ao invés disso, centralizamos e endereçamos toda a comunicação a você. No máximo endereçamos à categoria (uma entidade abstrata). Eu me incluo nisso! – O Sindicato já está reestruturando este ponto.

5 – Erro – de Orientação após retorno.

No retorno da greve observei (não sei se ocorreu em todo Estado), que nós Professores chegamos às escolas um pouco desorientados com a situação. Encontramos: (substitutos em nosso lugar, Diretores e supervisores bem orientados pelo governo sobre calendários, reposição etc...) e nós não estávamos bem orientados sobre como agir. Inclusive com estratégias para mantermos a mobilização. Uma delas foi à questão da reposição. Este problema não era para existir era para organizarmos momentos de discussão e mobilização nas escolas durante o retorno. Más...

6 – Erro – Falta da Manutenção da Mobilização e apostar na mesa só em Minas.

(Já disse em post anterior)
7 – Erro – Na avaliação sobre este Governo.

Já disse em outra oportunidade. Precisamos fazer uma nova avaliação deste Governo. Não estamos tratando com Político. É só ver seu histórico, orientação governamental e sua prática atual (IPSEMG, corte de salários, afastamentos de funcionários, redução de tabela, resistência em conversar, etc...), nada disso é típico da lógica política Estatal a que estamos acostumados. Tentei fundamentar meu alerta com fundamentações, mas infelizmente muita gente entendeu que eu estava chamando o governo de Fascista e tecnocrata. Não foi isso! Minha intenção foi demonstrar com fatos que estamos na leitura lógica errada e que precisaríamos refazer nosso plano de ação estratégica. Acho que ninguém me entendeu até agora! Já detalhei isso em comunicação particular.

Bem! Se minha análise estiver correta, o que fazer?

Tenho enviado vários comunicados sobre isso. Mas uma coisa é certa. Precisamos fazer uma releitura política deste governo e inclusive de nossas potencialidades e deficiências e a partir desta releitura elaboramos ou ajustarmos nosso plano de ação!

Espero estar contribuindo de algum modo!
Westerley 05/11/2011

O QUE O BRASIL PRECISA É DE SENSO CRÍTICO!

 

Resposta ao Sr. Reinaldo Azevedo e aos seus admiradores e seguidores.
Sr. Reinaldo, li seu texto e achei muito interessante. Respeito suas opiniões muito embora discorde inteiramente delas. Não é minha intenção polemizar neste sentido, mas me senti no dever pedagógico de oferecer-lhe alguns esclarecimentos:

Fiz uma crítica severa à proposta de redução das aulas de língua portuguesa e matemática no ensino médio público de São Paulo em benefício das aulas de sociologia, por exemplo. A idéia de jerico é do secretário de educação, Herman Voorwald. Nessas horas, alguns bobinhos costumam dizer: “Ah, mas que mal há em debater o assunto?!” Sem essa de que tudo nesta vida é “debatível”! Algumas idéias são estúpidas “ab ovo”, como diria o meu antigo professor de latim — desde a origem. Ninguém precisa se jogar num buraco de três metros de profundidade para saber se machuca… Machuca! O puro empirismo é a religião dos cretinos.

Esclarecimento 1 – Só para lembrar, a Matemática é uma Ciência e, como tal , por natureza é empírica. Portanto, ao defendê-la (coisa que também faço) o Sr. Acabou a atacando inclusive a classificando de cretina! Saberia disso se tivesse estudado Filosofia, mais precisamente em “Epistemologia”.

Mais: a tese vem embalada naquele esquerdismo preguiçoso que toma conta da educação brasileira, em qualquer nível, pouco importa o partido que esteja no poder — com os petistas é sempre pior porque até uma dose de Gold Label que acabou de sair do freezer, acompanhada de um pedacinho de chocolate amargo (não é para se empanturrar…), é pior com eles do lado… Se os encontrarmos no céu um dia, o que é pouco provável, o céu já terá ido para o diabo… Mas volto.

Esclarecimento 2 – Aqui (parte negritada acima) o Sr. demonstra pouco conhecimento de Ciências Políticas. Não existe esquerdismo independente do partido. Ser de esquerda ou de direita depende exclusivamente dos princípios ideológicos do partido. Também saberia disso se tivesse estudado Filosofia e Sociologia, mais precisamente em “Teoria Política”

Uma das misérias das nossas esquerdas é a ignorância específica, até em sua própria área de atuação. Nas “Teses sobre Feuerbach”, num de seus rasgos de obscurantismo, Marx afirmou que os filósofos, até então, haviam se dedicado a pensar o mundo; era chegada a hora de transformá-lo. A história do marxismo e dos regimes marxistas indica que aquela não era uma boa divisa. Serviu para justificar o obscurantismo da ação, desde que “revolucionária”.

Esclarecimento 3 – Meu caro! Aqui você faz uma confusão mental, aí sim obscura. De modo simplificado tentarei esclarecê-lo: Marx era (Materialista), neste texto ele tenta fazer a crítica à teoria de Hegel (Idealista), e acaba fazendo uma síntese a partir do confronto entre os erros do Materialismo e do Idealismo Hegeliano. Desta síntese ele extrai o que chamou de Práxis Revolucionária. Mas este princípio inaugurou a teoria genuinamente Marxista; o “Materialismo Histórico Dialético”: materialismo porque Marx defendia em oposição a Hegel, que a sociedade se constrói a partir das relações materiais de trabalho e produção. Histórico, porque as mudanças e processos sociais são determinados por estas relações. Dialético, porque estas relações e mudanças não são lineares, são dialéticas. Isso significa, de modo simplificado, que o homem faz sua história e é capaz de fazer mudanças na sociedade a partir de sua prática consciente. Esta é a base da filosofia Marxista. Justamente o que você está tentando fazer com suas intervenções. Logo; você está praticando a filosofia marxista. Neste caso concordo com você, não precisava estudar Filosofia bastava estudar História.

Mas o matemático Marx, ora vejam!, era um homem que apostava, a seu modo, no avanço. Nunca chamou, por exemplo, o capitalismo de reacionário. Ao contrário: o sistema seria o progresso necessário a partir do qual se construiria o socialismo. Se alguém lhe dissesse que uma escola estava pensando em trocar aulas de matemática por aulas de filosofia (não dá pra falar em “sociologia” no século 19 nos termos de hoje), ele certamente se levantaria da cadeira, faria uma careta por causa dos furúnculos purulentos, e daria um pé no traseiro do infeliz.

Esclarecimento 4 – Permita-me uma correção. Marx não era Matemático era Economista (que é uma Ciência Social assim como a Sociologia). Se você tivesse estudado Sociologia saberia disso.

Ele certamente diria que o mundo precisava mais de engenheiros que o transformassem do que de filósofos que o pensassem — e isso faria todo sentido, se querem saber. Idéia idêntica repetiu no livro “A Ideologia Alemã”, quando manga dos alemães na sua disputa com a França pela região da Alsácia-Lorena. Diz que os alemães, quando no domínio da região, se preocuparam menos em colonizá-la, que seria o certo, do que em espalhar a sua filosofia, que era a opção mais tola.

Esclarecimento 5 – O Materialismo de Marx não é construção de prédios, assim como a Matemática não é para saber fazer cálculos, é muito mais que isso, é para aprender a raciocinar logicamente. Pelo seus comentários me parece que suas aulas de Matemática não lhe foram de muito valia.

Os nossos esquerdistas poderiam ao menos ser marxistas, né? Embora estivessem abraçados a um erro essencial, seria ao menos um erro qualificado. Mas não! O seu horizonte máximo é essa escória petralha, que faz do proselitismo ignorante uma profissão de fé.
Acreditem! O Brasil tem uma inflação de sociólogos, filósofos, pedagogos e demagogos. O Brasil precisa de mais engenheiros, que saibam se expressar com clareza. O Brasil precisa de mais português e de mais matemática. E o secretário Herman Voorwald precisa de juízo.

Esclarecimento 6 – Meu caro! Novamente incorre em uma falácia (invalidade lógica). Como é possível ter Engenheiros sem Pedagogos? Quem poderá ensiná-los a serem Engenheiros? E é claro e notório que há no Brasil infinitamente mais Engenheiros que Filósofos e Sociólogos. Basta verificar a quantidade de alunos e formandos nos cursos de Engenharia e de Filosofia e Sociologia. Mesmo porque Engenharia, Medicina e Direito foram os cursos inaugurais da formação superior no Brasil. Ao contrário da Filosofia e Sociologia. Este País nunca fez opção por uma educação formadora da consciência crítica, social e política de seu povo. Talvez venha daí nosso atraso ético, nossa fraqueza moral e nossa alienação política.

E por fim lhe digo; as leis da física, essenciais à Engenharia, tais como da hidrostática, da estática, da ação e reação, da óptica, a lei da inércia, da dilatação térmica, da mecânica, etc..são todas desenvolvidas por Filósofos/Matemáticos, desde a Antiguidade. Cito um moderno, bem conhecido de todos: Isaac Newton. Filósofo.

Um abraço! Westerley Santos

domingo, 30 de outubro de 2011

CAMPANHA DE APOIO AOS PROFESSORES E A EDUCAÇÃO-MG



Bem! Sendo bastante realista:
ou esta categoria mostra que tem consciência política, força de mobilização e liderança para retomar as ruas numa greve com grande adesão, bem organizada, com planejamento das ações nos campos político, jurídico, de comunicação sistemática com a sociedade e com as lideranças dos movimentos sociais, religiosos, estudantis e parlamentares de todo Brasil, além de elaborar um sistema eficiente de comunicação interna para manutenção da mobilização com vistas a uma mobilização nacional e ainda, e acima de tudo, com uma determinação inabalável de só retornar  com o piso e nenhuma outra opção menor que esta, ou aceitamos que somos fracos e nos calamos!

Alguns dados reais para termos noção de nossa força e principalmente de nossa situação geral. Precisamos entender que o piso é apenas o 1º passo porém o mais fundamental dessa luta! Por isso mesmo não podemos desistir mas, só devemos retomar a greve com preparação e planejamento para suportamos uma greve por tempo indeterminado.

VEJA ABAIXO RECORTE DE PESQUISA SOBRE NOSSA REALIDADE EM TODO BRASIL.
 O QUADRO GERAL É ASSUSTADOR E POR ISSO PRECISAMOS REAGIR!

Pesquisa comprova: (ver na íntegra http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/).


Força Numérica:

1 - Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) indicam que os profissionais do ensino constituem o terceiro grupo ocupacional mais numeroso do Brasil: 8,4% dos trabalhadores - em números absolutos, cerca de 2,9 milhões de postos de trabalho.

2 - Perdem apenas para duas categorias reconhecidas como grandes absorvedoras de mão de obra: os escriturários (15,2%) e os trabalhadores do setor de serviços (14,9%). E ficam à frente dos trabalhadores da construção civil (cerca de 4% da força de trabalho).

Quadro Geral:
1 – Minas paga o Menor salário da America latina aos professores.

2 - Na comparação salarial com os colegas da América Latina, os docentes brasileiros perdem - e estão muito longe dos países desenvolvidos e entre os Brasileiros, Minas paga o menor salário. R$369,00.
     
3 - Uma profissão desvalorizada. Só 2% dos jovens pretendem cursar Pedagogia ou alguma Licenciatura, carreiras pouco cobiçadas por alunos das redes pública e particular.


4 - Baixos salários, desvalorização social e más condições de trabalho. De acordo com os resultados do estudo da Fundação Victor Civita, esse conjunto de fatores afasta a maioria dos alunos que em algum momento chegou a pensar em se tornar professor

5 - O déficit de professores com formação adequada à área que lecionam chega a 710 mil.

6 - O ensino é exercido por pessoas não plenamente qualificadas a ensinar para determinado nível escolar ou disciplina. A situação mais crítica ocorre nas ciências exatas. Em áreas como a de Física,

7 - O porcentual de docentes graduados no campo de saber específico é de apenas 25,2%. Na de Química, o total é de 38,2%.

 

8 - O panorama é ainda mais grave se considerarmos que 41% do corpo docente tem 41 anos ou mais - ou seja, está relativamente próximo da aposentadoria.

9 - Cai o prestigio e o valor do professor na sociedade. ( ver quadro na pesquisa).

 

10 - Índice de vagas ociosas chega a 55% do total oferecido em cursos de Pedagogia e de formação de professores.

11 - Nas escolas públicas, a Pedagogia aparece no 16º lugar das preferências. Nas particulares, apenas no 36º.

12 - Entre os entrevistados que optaram pela docência, 87% são da escola pública. E a grande maioria (77%), mulheres.

13 - Em Pedagogia, 80% dos alunos cursaram o Ensino Médio em escola pública e 92% são mulheres.

14 - Metade vem de famílias cujos pais têm no máximo a 4ª série, 75% trabalham durante a faculdade e 45% declararam conhecimento praticamente nulo de inglês.

15 - O mais alarmante: segundo estudo da consultora Paula Louzano, 30% dos futuros professores são recrutados entre os alunos com piores notas no Ensino Médio.

16 - Novo perfil de candidato à docência: mais empobrecido, estudante de escola pública e com pequena bagagem cultural. As informações da pesquisa Atratividade da Carreira Docente no Brasil confirmam esse panorama

17 - (Enade) de Pedagogia, cerca de 80% cursaram o Ensino Médio em escola pública (68% só estudaram nesse tipo de instituição) e 92% são mulheres.

18 - Nas graduações de Pedagogia (no caso, por meio dos dados do Exame Nacional do Ensino Médio de 2008), o panorama geral revela alunos com dificuldades de escrita e compreensão de texto nas questões de Língua Portuguesa.

19 - Além das dificuldades econômicas, alunos dos cursos de Pedagogia e Licenciaturas chegam à universidade com poucas referências culturais


20 - Em termos socioeconômicos, 39% vêm de famílias com até três salários mínimos de renda mensal (a maioria, 50%, situa-se na faixa entre três e dez salários) e três em cada quatro trabalham

21 - Em relação à escolarização, a tendência é que, quanto maior o nível de instrução dos pais, menor a intenção de ser professor.

22 - Os pais com Ensino Superior também são mais numerosos entre os que não querem atuar em sala de aula: 31%, contra 16% dos que escolheram a docência como profissão.

23 - A falta de condições engloba tanto a estrutura material da escola como a dinâmica do ambiente escolar (as relações entre alunos, professores, funcionários e comunidade). Isso envolve, por exemplo, a questão da violência, uma das responsáveis por fazer o local de trabalho ser visto como um problema pelos possíveis candidatos.

24 - As deficiências de formação, que começam na Educação Básica, se aprofundam nas Licenciaturas e nos cursos de Pedagogia - que deveriam tomar para si a responsabilidade pela ampliação do universo cultural dos futuros docentes.

25 - (Enade), apenas 3% dos cursos de graduação em Pedagogia conquistaram o conceito máximo (nota 5).

26 - Apenas 28% das disciplinas dos cursos se referem à formação profissional específica, conforme revelou pesquisa da FCC para NOVA ESCOLA.

27 - Como mostra a pesquisa FCC/FVC, há a percepção disseminada entre os jovens de que a docência exige um dom e um sacrifício próximos do sacerdócio e que, para exercê-la, bastam cuidado, atenção, paciência e boa vontade - sobretudo nos anos iniciais. "Essa visão deixa de fora toda a complexidade da profissão, que requer aperfeiçoamento teórico, aprendizagem e criatividade".

PESQUISA FAZ UM RAIO X DA SITUAÇÃO DA DOCENCIA NO BRASIL

PESQUISA FAZ UM  MAPA DA SITUAÇÃO DO PROFESSOR NO BRASIL E ELENCA 8 MEDIDAS DE SOLUÇÃO. O PISO SALÁRIAL É SÓ A PRIMEIRA DELAS.


 
Na comparação salarial com os colegas da América Latina, os docentes brasileiros perdem - e estão muito longe dos países desenvolvidos.
Foto Dercílio. Ilustração Victor Malta
Fontes: La Inversión Educativa en América Latina y el Caribe e Education at a Glance 2007. Dados de 2005.
Obs: o dólar PPP (poder de paridade de compra) é um fator de conversão que considera o poder de compra da moeda no país e não o câmbio.

Pesquisa ouviu 1.501 alunos de 18 escolas públicas e privadas.Patrocinado pela Abril Educação, o Instituto Unibanco e o Itaú BBA, o estudo Atratividade da Carreira Docente no Brasil é mais uma iniciativa da FVC para contribuir para a melhoria da qualidade da Educação Básica. A pesquisa ouviu 1.501 alunos de 3º ano em 18 escolas públicas e privadas de oito municípios, selecionados por seu tamanho, abrangência regional, densidade de alunos no Ensino Médio e oportunidades de emprego. Foram contempladas as cinco regiões do país. No Sul, as cidades escolhidas foram Joinville e Curitiba; no Sudeste, São Paulo e Taubaté; no Centro-Oeste, Campo Grande; no Nordeste, Fortaleza e Feira de Santana; no Norte, Manaus.

Para entender melhor as respostas fornecidas pelos estudantes no questionário geral, o estudo contou ainda com uma fase de grupos de discussão, em que dez alunos de cada escola debateram o assunto e detalharam opiniões. Por fim, com as informações já compiladas, um painel de especialistas foi convidado a avaliar os resultados e propor soluções sobre o problema da atratividade docente.


1. Oferecer salários iniciais mais altos
 
A conta é simples: se a remuneração não compensar, os melhores candidatos vão buscar outras ocupações que exijam dedicação e nível de escolaridade semelhantes. No Brasil, a docência tem péssimas médias salariais em comparação com outras profissões (o rendimento médio de um advogado, por exemplo, é três vezes maior). Em nível internacional, a situação é igualmente ruim: nossos professores ganham menos que os vizinhos da América Latina e muito menos que os colegas dos 30 países que compõem a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)


 "Aumentar os salários é uma medida que faz sentido a longo prazo, pois aumenta a chance de trazer bons alunos para o Magistério", resume o economista Naércio Menezes Filho, da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper). Outra necessidade é tornar todas as etapas de ensino financeiramente atraentes, especialmente a Educação Infantil e o Ensino Fundamental.
De quem depende a ação União, estados e prefeituras.


Custo Alto.
Tempo estimado Longo prazo.
Onde deu certo Noruega. O país continua atraindo bons profissionais com salários competitivos desde o início da carreira docente.

Pouco, sob qualquer aspecto 
Na comparação salarial com os colegas da América Latina, os docentes brasileiros perdem - e estão muito longe dos países desenvolvidos.
 "A baixa atratividade passa pela questão salarial. O piso proposto pelo governo federal, que neste ano será de 1.024 reais para 40 horas, me parece positivo para começar a reverter o quadro. Mas é preciso considerar que a maior parte dos professores trabalha no máximo 25 horas e que mais da metade não ganha nem 900 reais por mês. Além disso, como os aumentos de salário têm impacto grande no orçamento, deve-se privilegiar a recuperação salarial dos profissionais da Educação Básica."
G5

Foto Dercílio. Ilustração Victor Malta
Fontes: La Inversión Educativa en América Latina y el Caribe e Education at a Glance 2007. Dados de 2005.
Obs: o dólar PPP (poder de paridade de compra) é um fator de conversão que considera o poder de compra da moeda no país e não o câmbio.


2. Montar bons planos de carreira


De quem depende a ação Secretarias de Educação.
 Custo Alto.
Tempo estimado Médio prazo.
 Onde deu certo Cingapura. O governo criou diferentes níveis de carreira para premiar os professores que assumem mais responsabilidades em suas escolas ou investem na autoformação.
Em geral, carreiras docentes têm uma progressão burocrática, baseada quase exclusivamente no tempo de serviço. Outro caminho é se tornar coordenador, diretor ou formador - o que tira bons profissionais da sala. A solução é criar caminhos para o docente evoluir sem abandonar o Magistério.

3. Melhorar as condições de trabalho 

A falta de condições engloba tanto a estrutura material da escola como a dinâmica do ambiente escolar (as relações entre alunos, professores, funcionários e comunidade). Isso envolve, por exemplo, a questão da violência, uma das responsáveis por fazer o local de trabalho ser visto como um problema pelos possíveis candidatos. Nesse contexto, um papel importante cabe ao diretor, capaz de lutar para melhorar tanto a estrutura material da escola como a convivência do lado de dentro dos muros. O governo, por sua vez, deve destinar recursos suficientes para a manutenção contínua e trabalhar na reorganização da carga horária, oferecendo tempo para planejamento e avaliação e reduzindo a rotatividade.


De quem depende a ação Secretarias de Educação e gestores escolares.
Custo: Alto para a manutenção e baixo para a mudança de práticas de gestão.
Tempo estimado Longo prazo.
Onde deu certo: Canadá. Professores contam com horário remunerado de planejamento e apoio de técnicos de informática e especialistas em Pedagogia

4. Focar a formação em serviço nos problemas reais 

 Segundo os especialistas ouvidos pela FVC, não se trata de gastar mais com formação continuada, mas investir melhor os recursos. Em vez de apostar em treinamentos externos em universidades e outras instituições, a solução passa por planejar a formação continuada dentro da própria escola - ou integrando docentes de instituições próximas com dificuldades semelhantes. "É a melhor forma de mudar a cultura de uma escola e orientar a equipe para enfrentar problemas específicos", diz Bernardete Gatti, pesquisadora da FCC e supervisora do estudo.

De quem depende a ação Secretarias municipais e estaduais de Educação, universidades e gestores escolares.
Custo Médio (o essencial é repensar o direcionamento dos recursos).
Tempo estimado Médio prazo.
Onde deu certo No interior de São Paulo. Com o auxílio da equipe da Universidade Estadual Paulista (Unesp), coordenadores e professores passaram a elaborar planos de ação para atacar os principais problemas de sua escola.
5. Oferecer uma boa experiência escolar 
Embora não garanta a atratividade pela carreira, uma vivência positiva na escola - aprender sempre e ter uma boa relação com professores e colegas - aumenta as chances de o aluno considerar a docência como profissão. "Muitos estudos destacam a influência positiva de um docente-modelo Se queremos melhorar a atratividade, precisamos melhorar a escola pública porque é de lá que vem a maioria dos novos professores", afirma Marli Eliza de André, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

De quem depende a ação Professores, gestores, governo e comunidade.
 Custo Difuso (é um subproduto do investimento nas demais outras ações).
Tempo estimado Médio prazo (para que algumas das iniciativas comecem a ter efeito na sala de aula).
Onde deu certo Finlândia. Grande parte do elevado status da profissão se deve aos excelentes resultados do ensino.

6. Melhorar a formação inicial 
Um professor bem formado valoriza a profissão, é mais seguro em relação a seus saberes específicos e tem menos chance de abandonar a carreira frustrado por não ajudar os alunos a avançar. As deficiências de formação, que começam na Educação Básica, se aprofundam nas Licenciaturas e nos cursos de Pedagogia - que deveriam tomar para si a responsabilidade pela ampliação do universo cultural dos futuros docentes. Segundo dados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), apenas 3% dos cursos de graduação em Pedagogia conquistaram o conceito máximo (nota 5). Além disso, apenas 28% das disciplinas dos cursos se referem à formação profissional específica, conforme revelou pesquisa da FCC para NOVA ESCOLA (leia mais no gráfico abaixo). A mudança passa pela transformação dos currículos da graduação, com o combate ao encurtamento do tempo de formação e a abertura de mais espaço para as didáticas específicas e as necessidades da Educação Básica.

De quem depende a ação  Ministério da Educação (MEC) e faculdades.
Custo Baixo (para reforçar a atuação das comissões que fazem a avaliação dos cursos superiores no país). Tempo estimado Médio prazo.
 Onde deu certo Inglaterra. Além de fiscalizar e fechar instituições que não garantem formação adequada, o país exige experiência prática para o novo docente entrar em sala de aula. 

G7
Formação questionada 
Poucos cursos de Pedagogia têm boa qualidade.
Na maioria dos currículos, a prática de sala de aula é pouco abordada
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Foto Dercílio. Ilustração Victor Malta 
Fonte: Pesquisa FCC/NOVA ESCOLA 2008.
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7. Resgatar o valor do professor na sociedade
Por mais evidentes que sejam os problemas relacionados à docência, é necessário tentar equilibrar a cobertura da mídia sobre a precariedade do sistema de ensino brasileiro com o que a profissão tem de bom. Pouco adianta só focar os problemas, ora culpando o professor, ora tratando-o como vítima, sem apontar saídas para superar as dificuldades. "Existem, sim, docentes satisfeitos e realizados, que fazem um ótimo trabalho. Mas isso pouco aparece", lembra Bernardete. É preciso planejar formas de reverter a imagem negativa - e isso pode ser feito não só por meio de propaganda institucional. Uma alternativa é ampliar a divulgação dos prêmios que já existem, disseminando iniciativas que merecem reconhecimento e podem ser adotadas como modelo.

De quem depende a ação Mídia, governo, sindicatos e outras organizações representativas dos professores. Custo Baixo.
Tempo estimado Médio prazo (a propaganda é imediata, mas precisa ser fundamentada em iniciativas concretas, o que leva mais tempo).
Onde deu certo Inglaterra, onde campanhas de marketing foram criadas com foco no estímulo intelectual e nas vantagens salariais da carreira, e Estados Unidos, onde os programas Teach First e Teach for America construíram uma imagem positiva de seus participantes ao destacá-los em relação à média dos professores.

Mexer na caixa-preta da graduação
"Hoje existe uma grande distância entre o que é oferecido durante a formação e os conhecimentos exigidos nas salas de aula. Os recém-formados não se sentem confortáveis para lidar com essa profissão, que exige tanto. É uma maldade colocá-los na condição de professor sem o preparo para abordar os conteúdos que precisam ensinar. Temos de mexer na caixa-preta da formação, dando ênfase às didáticas específicas que ajudem os profissionais a responder às demandas dos alunos."
MARIA AUXILIADORA SEABRA REZENDE, 
ex-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed)

8. Tratar o professor como profissional  
Como mostra a pesquisa FCC/FVC, há a percepção disseminada entre os jovens de que a docência exige um dom e um sacrifício próximos do sacerdócio e que, para exercê-la, bastam cuidado, atenção, paciência e boa vontade - sobretudo nos anos iniciais. "Essa visão deixa de fora toda a complexidade da profissão, que requer aperfeiçoamento teórico, aprendizagem e criatividade", afirma Maria Eveline Pinheiro Villar de Queiroz, da Universidade Católica de Brasília (UCB). É preciso reforçar os saberes específicos que o profissional possui: o conhecimento didático e o controle das ferramentas pedagógicas. Essa tarefa exige uma participação ativa das universidades por meio de uma redefinição curricular que enfatize essas especificidades. Mas a profissionalização também requer uma carreira sólida, baseada no reconhecimento do que os professores sabem como forma de garantir o respeito da sociedade.

De quem depende a ação Secretarias de Educação e universidades.
Custo Baixo para fiscalizar os cursos superiores e alto para implementar as carreiras atraentes.
Tempo estimado Longo prazo.
Onde deu certo Coreia do Sul. Nas universidades, o foco da formação é a prática em sala de aula. Com salários altos e três meses de férias anuais, a carreira é respeitada e cobiçada.
BERNARDETE GATTI, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas e supervisora da pesquisa FVC/FCC

Confira a pesquisa completa e relatórios analíticos: