domingo, 14 de julho de 2019

ARTIGO DE OPINIÃO: LULA; DEMÔNIO DE DALLAGNOL - MAPA HERMENÊUTICO

ESTE MAPA FOI ELABORADO EM 25/07/2017, COMO SÍNTESE DE UM LONGO ARTIGO TAMBÉM ESCRITO À ÉPOCA, E QUE, SÓ AGORA, RESOLVI  PUBLICAR  EM CAPÍTULOS NESTE BLOG, EXPLICANDO O PERCURSO PERCORRIDO NESTA ANÁLISE HERMENÊUTICA SOBRE AS POSSÍVEIS MOTIVAÇÕES DE DALLAGNOL NESTA PERSEGUIÇÃO AO PRESIDENTE LULA, E QUE AGORA, COM AS ÚLTIMAS DIVULGAÇÕES DO THE  INTERCEPT, ESTÃO SE CONFIRMANDO.



    

PRIMEIRA PARTE

LULA: O DEMÔNIO DE DALLAGNOL.

 Todo extremo oculta o seu oposto”
Rajneesh.

1 - O ESTRANHAMENTO:


Desde a aparição na mídia Global, dos procuradores de Curitiba/PR, apresentando um diagrama de bolas com o nome do Ex. presidente Lula ao centro de todas as mazelas do Brasil, que me espantei imediatamente com os extremos daquela apresentação. Primeiro me chamou a atenção o uso midiático e espetacular da coisa toda, em seguida um tom de ódio extremado, destilado nas palavras dos procuradores diante de uma ilustração extremada de crimes de corrupção por todo lado, e um só homem no hipercentro de todo este panorama espetaculoso. O Ex. Presidente Lula.

Havia algo de estranho naquilo tudo! Havia na tônica da explanação do Sr. procurador Deltan Dallagnol  ao se referir ao Presidente Lula, uma intencionalidade de desqualificar a autoridade de uma figura histórica  da sociedade brasileira,  sentia uma intenção deliberada de desconsiderar estrategicamente a autoridade da pessoa do presidente, tentando diminuir o valor histórico de um dos presidentes mais admirados e estudados no mundo.

Estava claro para mim uma intenção de demonização da figura política e pessoal do Presidente.

Me chamou a atenção, na fala do procurador, um desejo oculto, psicológico, de condenar o Ex. presidente, perante a opinião pública, antes mesmo de qualquer julgamento ou apresentação de provas. Estranho! Pensei. Esta  apresentação no máximo deveria ser um ato de acusação e não de condenação prévia, aliás, nem deveria haver uma exposição destas sobre nenhum cidadão.

Lembro-me que enquanto o procurador tentava explicar o referido PowerPoint, eu me perguntava:  Há algo estranho, onde estão as provas? Por que este moço faz tanto esforço argumentativo para justificar suas acusações e não apresenta as provas? Se não houve julgamento ainda, por que já estão a condená-lo? E por que sinto um ódio prazeroso, sarcástico em seu olhar e em sua forma de falar? No seu modo de acusar o Ex. Presidente?  Parece um ato fundamentalista, parece algo pessoal! Parece mais um desejo sórdido, uma vontade pessoal e raivosa de que o Ex. Presidente seja culpado! Parece que este moço busca holofotes, busca um momento de estrelato e fama, parece que há um motivo psicológico/ideológico oculto nisso tudo... Ao fim a surpresa! Um repórter pergunta se havia provas e, o moço raivoso responde: Não tenho provas, tenho convicções! Neste momento lembro-me que estava de pé diante da TV e sem perceber, me sentei no sofá parecendo impelido por uma força sobrenatural. Hoje sei que era o peso do absurdo!

Segundo o procurador toda a acusação demostrada naquele PowerPoint estava embasada “cientifica e factualmente” na sua convicção pessoal. Espantado com tamanho absurdo, não acreditei! Minha esposa estava do meu lado e imediatamente perguntei a ela: ele disse isso mesmo? Sim! Ela me respondeu. Não tive dúvidas disse a ela: está demonstrado, LULA  É INOCENTE! Ela perguntou, por quê? Eu disse: “Todo extremo oculta o seu oposto”! As acusações naquelas bolinhas e setas com o nome do Presidente Lula ao centro, eram tão extremadas que passei a desconfiar daquilo tudo. – Lembrei-me de Rajneesh.

A intencionalidade é uma ação psicológica e prática retroalimentada pelas convicções que temos sobre as coisas e, a convicção liga-se a crença, (eu acredito indubitavelmente em algo que para mim, pessoalmente, é verdadeiro e, a “prova” desta verdade é pessoal e particular). As convicções são originadas do nosso sistema de valores que no conjunto, orientam nossa visão de mundo, pensamentos, crenças sobre o que é a realidade  e ações. Então; para entendermos as convicções do procurador contra o Lula, é preciso investigar: quais os valores que embasam as convicções e intencionalidades deste Sr. neste caso?

Lembrei-me de quando assisti a uma defesa de tese de Doutorado em uma importante Universidade. O candidato ao titulo de Doutor em Ciências Sociais, perante a banca de Mestres e Doutores, se pôs categoricamente, por mais de uma hora, a defender sua tese que era: comprovar que Rene Descartes estava errado e que a realidade não existe. Pois bem, depois de todo esforço de retorica do candidato para comprovar que a realidade não existe, com louvor, a banca aprovou o candidato com 96 em 100. Após abraços festivos e congratulações, o orientador pede a palavra e salienta que foi a maior nota já alcançada por um candidato naquela banca. Ainda sob o som dos aplausos me retirei lentamente e sai pensando.... Para quê tanta festa por uma nota que não existe na realidade?

A acusação ao Lula no espetáculo do PowerPoint é a imagem invertida deste episódio citado. Um tenta provar que a realidade não existe, enquanto o outro tenta inventar uma realidade que não existe. O que há de comum entre os dois? Ambos negam a realidade factual e se apoiam nas ilusões de suas convicções falsas.

Continua ...