O DEMOCíDIO DE LULA
Uma leitura Antropológica
Por: Westerley
Santos – Jan/2018
Não há mais a menor
dúvida de que o ex. presidente Lula é inocente. Então, por que foi condenado
pelo Juiz Sérgio Moro e está sendo julgado no TRF-4? Simplesmente porque está
sendo vitima de uma cassada persecutória desproporcional e desumana, em que o
próprio Estado, associado às instituições privadas como a grande mídia e representantes
da elite empresarial, age violentamente como a um Leviatã implacável contra um
só sujeito inocente.
Não bastando a
desproporcionalidade ou desequilíbrio de forças, o Estado acusador ainda se associa com parte poderosa da mídia e de empresários
de uma elite atrasada, compondo uma força-tarefa, com a intenção deliberada de destruir
o ex. presidente nos campos; civil, psíquico, social, politico, moral, ético e econômico,
manipulando a própria estrutura jurídica do Estado de Direito, eliminando
princípios fundamentais de justiça, presunção de inocência, cerceamento de
defesa, entre outras barbaridades. Finalizando em uma condenação sumaria, perante
a justiça e a opinião pública, não porque o ex. presidente tenha cometido algum
crime, pois, sua inocência está amplamente comprovada, mas, simplesmente e
tão-somente por ser o LULA.
Para os acusadores a
culpa e o crime de Lula é ser, no sentido Antropológico, o Ser Humano Lula, sendo
assim, as motivações acusatórias vão além dos limites técnico-jurídicos ou
político e de eleição. - A coisa se mostra hediondamente mais grave.
Se, entendermos e, é
bastante verossímil, que forças institucionais de vários setores como: (1)
parte importante do Judiciário, do Legislativo, e do Executivo, se associou, ao
menos em uníssona intenção, com (2) parte importante do mercado econômico, (representado
pela elite empresarial da indústria, do comércio e do setor bancário e ruralista), (3) as maiores empresas de mídia e
comunicação do país, (4) a ajuda luxuosa de líderes religiosos da doutrina
Neopentecostal da terceira onda, detentores de templos de servos fieis, Tvs e
rádios, além de cargos públicos de poder jurídico e legislativo. Se,
entendermos que todos estes entes, estão em conjunto e ao mesmo tempo, usando
todos os seus aparatos legais, ilegais, técnico, tecnológico, de manipulação e
doutrinação ideológica e psicológica, contra a um só sujeito inocente, então,
podemos inferir, que se trata no conjunto, de uma tentativa de extermínio deste sujeito, dada a causa
injustificada da acusação e a desproporção de forças e Direitos neste processo.
Se analisarmos este ataque sistemático e orquestrado
contra a um só cidadão escolhido, pelo viés da Antropologia, facilmente perceberemos
uma tentativa de aniquilamento que vai para além do homem Lula, encontraremos a intenção de extermínio do Ser humano Luís Inácio Lula da Silva,
por parte do Estado e de parte da elite da iniciativa privada. O que define um Estado
ou no mínimo um tribunal de exceção para o caso Lula. Senão, vejamos em poucas
linhas:
É consenso na
Antropologia Filosófica que, o homem em essência, o ser humano, é um ser
composto por múltiplos aspectos, e, que estes aspectos juntos devem estar
preservados e em plenas condições de exercitarem suas funções teleológicas naturais
e, só assim, o homem se torna um ser humano integral, inteiro. Por isso, a
preservação e saúde destes aspectos, são essenciais para que o homem exerça e
contemple sua humanidade e sua existência-no-mundo. E quais são estes aspectos
que formam o ser humano?
São eles: primeiro,
o aspecto material/corpóreo, ligado às
condições de saúde física e biológica indispensáveis ao estar-no-mundo do
sujeito. Neste aspecto o homem Lula, está sendo violentamente agredido
pelo Estado, direta e indiretamente, haja vista, a condução coercitiva ilegal, a
invasão de seu lar, a iminência de prisão, as ameaças de agressão física e de morte
pelas redes sociais, induzidos a partir dos ataques persecutórios e de
manipulação da Mídia.
O segundo aspectos é
o racional e psíquico, ligado à elaboração
cognitiva, emocional e de consciência sobre a estrutura de organização do mundo
em que vivemos. Dos princípios e valores que nos dão a referência do outro e, da
consciência de si como pessoa; (substância racional e individual que existe
como um todo indivisível e exerce um papel no mundo.) Pois bem, também este
aspecto no homem Lula, está sendo violentamente atacado, haja vista, a satanização
midiática cotidiana na tentativa de execração popular da pessoa do ex.
presidente.
O terceiro aspecto é
o social e político, segundo
Aristóteles, o homem é um animal social e político, isso porque, somos seres gregários,
não vivemos sozinhos, somos interdependentes de uma relação mutua com o outro para
garantir nossa sobrevivência e a conservação de nossa espécie. O indivíduo não
existe fora de seu contexto social, há em nós, uma necessidade vital que nos
leva a compartilhar nossa existência com os demais indivíduos enquanto cidadãos
em busca do bem comum. Dai a natureza Política do nosso ser. Segundo; Sônia Maria em – ( Um Outro Olhar.
1995)
“(...) A coexistência e a cooperação entre
indivíduos e grupos são necessárias para a constituição e desenvolvimento das
diferentes instituições sociais e políticas que, por sua vez, garantem o
bem-estar individual e coletivo. (...) o resultado desta associação permanente
entre indivíduos diferentes, torna o homem um ser político e social”.
Pois bem, talvez
este aspecto seja onde o ataque indiscriminado ao homem Lula, seja mais
perceptível a olhos nus. É nítida a tentativa
de destruição do ser político e social
do ex. presidente. Haja vista, o conjunto todo de acusações, com base em
ilações, convicções acusatórias, falácias, crenças, demonização, e
desqualificação política pela mídia, além da tentativa evidente de eliminar do cenário
das eleições um candidato com grandes chances de ser eleito democraticamente.
O quarto aspecto que
compõem o ser humano é o da práxis (ação)
e da liberdade. A existência humana necessita se produzir no
tempo e no espaço. E esta produção é uma dinâmica, um processo de ações onde o
homem pela ação prática, consciente, livre e responsável, transforma a natureza
pelo trabalho e interfere no mundo, construindo sua história e a si mesmo. Para
tanto, o homem precisa da liberdade para tomar suas próprias decisões e fazer
suas escolhas. Tornando-se então um ser de práxis e de liberdade.
Ora! Embora o ex.
presidente goze do direito de ir e vir, esta condição não significa liberdade e
muito menos livre-ação da pessoa, pois, o cerco persecutório ao homem Lula, o impede de tomar suas próprias decisões e fazer suas
próprias escolhas e, de agir conforme sua livre consciência e vontade, pois,
todos os olhos persecutórios do Estado e da Mídia, como a um panóptico moderno
, estão sobre ele o tempo todo, controlando o indivíduo no espaço e no tempo, inibindo
suas ações, pensamentos, livre expressão e até gestos e manifestações mais
espontâneos, próprios a qualquer ser realmente livre. O homem Lula, talvez seja por tudo isso, o homem mais vigiado e
controlado do Brasil no momento. Qualquer movimento, ação, e exposição de
pensamentos diferentes, poderão ser usados contra ele próprio pelos seus
perseguidores. Isso demonstra a violência contra o aspecto da práxis e da
liberdade necessários a qualquer homem para que exerça sua condição humana, no
sentido Antropológico.
O quinto aspecto é o
ético e estético. Ao abordarmos a
dimensão ética nos sujeitos, implicitamente estaremos abordando também o
aspecto moral. Em cada um de nós há uma consciência valorativa de justiça,
verdade e virtude, um senso que visa distinguir, o certo do errado, o bom do
mal, o legal do ilegal, o justo do injusto. Este é o senso ético que cada
indivíduo carrega em si, e que evolui pelos questionamentos e reflexões que
fazemos sobre nossas ações e as dos outros. É esse senso em constante evolução
pela reflexão ética e moral que nos serve de medida, critério de discernimento
para nossas escolhas e atitudes. Dai a necessidade da consciência e da liberdade
para se exercer o aspecto ético e moral de cada um de nós. Como nos diz Sônia
Maria; “A ética ilumina a consciência e a condição humana, sustenta e dirige as
ações do homem, norteando sua conduta individual e social”.
J.J.Rousseau, em
Profissão do Vigário Geral, (incluído no Livro IV do Emílio), expõem uma visão
belíssima sobre esta questão:
“Há nas profundezas
das almas (...) um princípio inato de justiça e de virtude, de acordo com o
qual, apesar de nossas próprias máximas, julgamos nossas ações e as dos outros
como boas ou más. É a esse princípio que
dou o nome de consciência ética”.
Sobre este aspecto,
é notória a tentativa de dizimar este pilar de sustentação valorativo no homem Lula, a ponto dele mesmo, um
indivíduo maduro e com consolidados preceitos éticos e morais, deflagrar
expressamente em algumas oportunidades que:
“(...) se tiver uma
decisão que não seja a minha inocência, eu quero dizer pra vocês que não vale a
pena ser honesto nesse país e, não vale a pena você ser inocente”
Esta é uma fala que
denota claramente como o senso de justiça, verdade, certo e errado do homem Lula, está sofrendo o abalo da
duvida, devido a causas exógenas ao seu sistema de valores perenes. São os
efeitos da perseguição criando no indivíduo, a dúvida onde antes havia certezas
sobre o valor de justiça, certo e errado, culpa e inocência. Isso pela
suspeição e pela esquizofrenia daquele sistema normativo e de princípios morais
e legais que até então lhe pareciam seguros, justos e corretos.
Já o ser estético, é aquele capaz de perceber
e apreender o belo do mundo e da vida. É a sensibilidade humana que capta as
sensações externas advindas da natureza e da realidade. O aspecto estético nos
dá a condição humana de captar e apreender a realidade concreta e existencial
que nos cerca. É uma espécie de razão da sensibilidade perante o mundo. O que
nos torna seres de bondade e sensibilidade para com o mundo e o outro. Rousseau
dizia ainda no Emílio que;
”Existe em todos nós
a capacidade para admirar e sentir prazer em atos de justiça, bondade e beleza moral,
mesmo quando nós próprios nada temos a ganhar. (...) não há um homem que não se
sinta comovido por tais atos, ou, por outro lado, ultrajado pela crueldade e
iniquidade.”
Os ataques
sistemáticos ao homem Lula, acabam
por atingir o aspecto estético, no
sentido descrito, necessário à sustentação de sua sensibilidade de humanidade.
Embora, talvez seja este o aspecto mais forte demonstrado até aqui pelo ex.
presidente.
O sexto aspecto da
composição humana, é a linguagem e
história. Por meio da linguagem o
homem faz e produz cultura, o homem faz escolhas e constrói realidades, porque
possui uma inteligência teórica, comunicativa. Pela linguagem o homem cria
símbolos, signos, ritos, mitos, sistema de crença e participação social, exerce
todos os outros aspectos até aqui citados. Esta prática constrói a cultura e
toda cultura é histórica. Dialeticamente linguagem-cultura-história, compõe a
historicidade do indivíduo no mundo.
Percebe-se uma
tentativa de inibir, cercear, controlar e até eliminar esta construção da
práxis no homem Lula. Claro que pela
força da natureza dialética do aspecto aqui descrito, o homem Lula, na adversidade promovida pelas teses dos ataques, reage
produzindo antíteses que no confronto, gera um movimento que lhe confere, em
síntese, a construção de novos elementos de sua própria historicidade. Mas, tal
força não anula o fato de que há um ataque ao homem Lula, que atinge diretamente a construção de sua história
pela tentativa de transformá-lo em corrupto para a eternidade. E por que corrupto?
Justamente porque a ideia de corrupção tem o significado mais devastador
possível ao profissional da política. Fosse o ex. presidente um cirurgião, talvez
estivesse sendo acusado de imperícia técnica para uso de bisturis.
O sétimo e último
aspecto, o metafísico e espiritual. O
homem é um ser finito. Um ser que se constrói na caminhada rumo a finitude.
Tendo consciência disso, o homem busca a superação do seu limite de vida. Esta
contradição gera uma crise existencial que nos leva a buscar explicações em uma
dimensão metafísica, espiritual. É a maneira encontrada pelo homem para
transcender as limitações impostas pela matéria. O que ao fim e ao cabo, produz
em nós, o apaziguamento de nossos conflitos existenciais mais internos.
O equilíbrio
espiritual gera a paz de espirito que é fundamental e necessária para que
suportemos as mazelas da própria existência. É difícil dizer o quanto um homem
está vivendo em turbulência ou mesmo em um inferno espiritual, já que, se trata
de um elemento metafísico, espiritual, intimo de cada um. Mas, considerando que
somos susceptíveis ao meio em que vivemos e que nosso refugio espiritual é
devido às mazelas justamente advindas de interferências externas. Pode-se dizer
que um homem atingido em toda sua vida e dignidade, está também sendo atingido
em seu estado espiritual, em sua alma. Ainda que neste aspecto o homem Lula, têm se mostrado muito forte,
haja vista, a demonização promovida em torno de sua pessoa sem que revide com manifestações
de ódio ou vingança.
Podemos concluir que
o homem Luís Inácio Lula da Silva, está sendo atacado na intenção deliberada de
extermínio de sua condição humana, através da destruição de cada um dos
elementos que constituem a integridade do ser humano. Como a um Leviatã, Setores
poderosos do Estado da iniciativa privada, usam de todas as suas forças e violência
desproporcional, numa cassada persecutória, não apenas para proferir uma punição
judicial a um cidadão, mas, para exterminar o ser humano Lula. Não por ser
culpado das acusações, mas, tão- somente por ser o ser humano LULA. Visto pelos
adversários como ameaça política presente e futura. E o nome disso é Democídio¹
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¹ Demicídio: Rummel
define democídio enquanto o assassínio de qualquer pessoa ou grupo de pessoas
pelo seu próprio governo, incluindo genocídio, politicídio e assassínio em
massa. Democídio não significa necessariamente a eliminação de grupos
culturais, mas antes grupos de cidadãos que o governo sinta a necessidade de
serem erradicados por razões políticas ou que alegue constituírem ameaças
futuras.
Embora
nos dicionários só tenha um significado, de acordo com Rummel o genocídio tem
três significados diferentes. O significado comum é o assassínio por parte do
governo de pessoas em função da sua pertença a grupos nacionais, étnicos,
raciais ou religiosos. O significado jurídico refere-se ao tratado
internacional sobre o genocídio, a Convenção sobre o genocídio, o que inclui também atos não letais com a finalidade
de eliminar ou prejudicar o grupo. Segundo Rummel, o terceiro significado geral
de genocídio seria igual ao significado comum, mas deveria incluir também o
assassínio por parte do governo de oponentes políticos ou de outros assassínios
intencionais. De modo a evitar criar confusão entre os significados, Rummel
criou o termo democídio para este terceiro significado.[8]
Rudolph
Joseph Rummel (21 de outubro de 1932) faleceu em 2 de Março de 2014 era professor
emérito de ciência
política norte-americano
na University
of Hawaii. Passou boa parte de sua vida
acadêmica montando uma base dados sobre violência coletiva e guerra, buscando ajudar em sua solução ou eliminação. Rummel
cunhou o termo democídio para assassinato pelo governo. Suas pesquisas levaram-no a afirmar que morreram
seis vezes mais pessoas por democídio durante o século XX do que em todas as guerras daquele século,
somadas.[1] Ele conclui dizendo que a democracia é a forma de governo menos provável de matar
seus cidadãos e que uma democracia nunca (ou quase nunca)
entra em guerra contra outra.[2] .
Fonte: wikipedia em
12/01/2017
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