LAVA
A JATO: O LEVIATÃ TOMOU O ESTADO DE DIREITO.
“As
duas virtudes cardinais da guerra são: força e fraude“
—
Thomas Hobbes
SEGUNDA PARTE:
A OBSERVAÇÃO
Esta é a segunda parte do Artigo de
opinião intitulado – Lula; Demônio de Dallagnol – (ver post
Primeira parte). Neste artigo exercito a Observação, segundo
passo do Processo de exame Filosófico, por isso crítico. A observação, é a
busca de referência e relação entre a dúvida de origem, a realidade do mundo, e
suas experiências de vida, por meio de uma observação demorada, interessada na
descoberta. É um apropriar-se interno da coisa examinada.

Hobbes alega serem os humanos egoístas por
natureza. Com essa natureza tenderiam a guerrear entre si, todos contra todos
(Bellum omnia omnes). Assim, para não exterminarmo-nos uns aos outros será
necessário um contrato social que estabeleça a paz, a qual levará os homens a
abdicarem da guerra contra outros homens. Mas, “egoístas que são, necessitam de
um soberano (Leviatã) que puna aqueles que não obedecem ao contrato
social”. (Wikipedia)
Voltando a exposição do PowerPoint
(POST: primeira parte), pressenti no ato, que algo muito ruim estava por
acontecer, não só para o Presidente Lula, mas para todos nós cidadãos comuns.
Lembro-me que pensei em voz alta: como pode os homens que deveriam promover a
justiça, acusarem alguém em canal aberto de TV, usando ilustrações em telão,
sem que o processo legal tenha sido concluído? E continuei em meus solilóquios;
se isso está acontecendo com um Ex. Presidente como o Lula, o que será de nós
cidadãos comuns? Daqui para frente, estaremos todos totalmente desguarnecidos,
desprotegidos, isso significa um ataque a todos nós, um ataque ao Estado de
Direito. Estamos nus e desamparados perante a um Leviatã irado e togado!
Deltan M. Dallagnol (29/01/1980),
nascido em Pato Branco/PR, de classe médio-alta, (hoje é sabido pertencer à
família de latifundiários em MT)¹, filho de procurador aposentado, Dallagnol se
diz surfista que entrou no MPF por concurso em 2002, via liminar, por não ter à
época, os dois anos de formado exigidos por lei para pleitear o cargo, caso em
que foi defendido e “vencido” na justiça pelo seu pai (um ex – procurador),
segundo consta, um dos fundadores do PSDB de sua região.
Era então um adolescente de classe
média-alta na década de 90, auge do governo do PSDB de FHC e Aécio Neves e, do
Neoliberalismo no Brasil, oásis político-econômico desta mesma classe média.
Especializou-se em Direito na Universidade de Harvard², nos E.U.A, berço do
Neoliberalismo e do Neoprotestantismo Modernos.
É um seguidor NEOPENTECOSTAL da
Igreja Batista, faz culto e palestras remuneradas em Igrejas cujo tema é a
lava-jato, usando informações privilegiadas de Estado e justiça. (vídeo
youtube).
ver : https://youtu.be/kay_LXHNdnU.
(Palestra de Deltan na Igreja Pentecostal)
É comum a uma personalidade
autoritária se valer do Poder, da força e da violência para impor sua visão de
mundo. Assim era o Leviatã na Monarquia absolutista da pré-modernidade. O Poder
de um procurador de justiça está na autoridade de seu cargo funcional, no poder
das leis que maneja, e no poder que lhe dão as instituições, inclusive a mídia
e, acima de tudo, a leniência do povo. Com este poder absoluto, o Homem da lei
age para que suas ações autoritárias lhe sirvam de argumento fático para manter
seu suposto domínio jurídico sobre a maioria da população e principalmente
sobre aquele que escolheu como alvo, por motivos, na maior das vezes políticos,
pessoais ou ideológico-religiosos, quando não todos juntos.
Para uma personalidade autoritária,
estes elementos são suficientes para lhe outorgar um valor de verdade em suas
convicções pessoais, restando aos outros concordarem, aceitarem e obedecerem as
suas convicções. Pois, elas são a expressão da verdade indubitável e
inquestionável, simplesmente por ser ele a autoridade jus-teológica a
proferi-las. É uma lógica absolutista típica dos, Reis da idade média. E! Estes
moços se sentem Reis. Uma espécie de Leviatã Moderno. Mas não para por ai...
Segundo os mentores da doutrina
Neopentecostal da terceira onda, Kenneth Hagin (1867 -1948),
e Essek William Enyons. (1917-2003), há Dez princípios fundamentais
da doutrina Neopentecostal que devem ser seguidas pelos fiéis, os quais veremos
mais detalhadamente na terceira parte destes artigos, por enquanto, fiquemos
com três deles que dizem muito da base racional deste procurador. Três das Dez
doutrinas de base do pensamento Neopentecostal:
1 -
Confissão positiva: (Determinação autoritária pela palavra do crente).
2 -
Movimento palavra da Fé: (a palavra cria a realidade).
3 -
A verdade é revelada pessoalmente ao religioso independentemente da Bíblia:
( vale a opinião pessoal do pastor,
achismos).
Se observarmos do ponto de vista
Hermenêutico, fica claro que o Sr. Procurador, que nas horas vagas é também
Pastor Neopentecostal (que em seus cultos e palestras muito bem remuneradas,
sempre aborda o tema da lava jato), transfere a lógica da sua doutrina
religiosa (itens acima) diretamente para a interpretação da Lei. É flagrante
como o Procurador interpreta as Leis, a Constituição e o código Penal, a partir
da lógica de sua doutrina religiosa, (itens acima). É como se substituísse o
código penal por sua Bíblia, interpretando as Leis sob a luz e a lógica da
interpretação Neopentecostal. Neste sentido, o que está escrito nas Leis
depende de uma interpretação pessoal, revelada pela palavra do
Pastor-procurador. É a “Confissão Positiva” da doutrina religiosa, aplicada à
doutrina jurídica. É a Jus-teologia. O Procurador ler as Leis com os olhos do
pastor interpreta a constituição e o código penal, como o religioso
neopentecostal interpreta a bíblia. Vale a palavra do visionário! Fica claro
que na Hermenêutica Dallagnoliana; se, a lei bíblica é uma interpretação do
pastor, a lei jurídica também o é. Dai sua fala em palestras dizendo que
combater a corrupção, é uma missão dada a ele por Deus. Por isso, para ele,
basta ter convicção para que alguém seja culpado. Afinal, para
a doutrina Neopentecostal, convicção é um elemento de certeza
e verdade dada pela Fé. Só que o Sr. Procurador se esqueceu de um pequeno
detalhe; no Estado de Direito, ao contrário do Estado em que o Rei-Leviatã determina
a lei, a convicção não é sinônimo de verdade e não é o
suficiente para julgar e condenar alguém. No Estado de Direito, há que se ter
provas contundentes, o que até agora não apareceu no caso do Lula.
X
² ( Em Maio de 2019 com os escândalos dos diplomas
e currículos falsos de Damares e outros, misteriosamente a informação de que o
Sr. Dallagnol tem formação em Harvard foi apagada do seus registros na
internet)